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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Voltas que o mundo dá.

Nunca imaginei que sangraria tanto. Quando me envolvi com aquela garota não queria mais que amizade, mas com o tempo seu jeito meigo, extrovertida e bipolar, acabou me conquistando. De alguma forma eu achava que ela também gostava de mim, ela demonstrava isso. Em alguns momentos chegamos muito próximos de lutar por resistência.

Isso não passaria de um flerte normal, se ela não tivesse namorado. Depois que eu descobri que ela tinha namorado, vejam bem como, não foi através do status de relacionamento do orkut, e sim quando a vi junto dele passeando no shopping. Não me deixei abalar no momento, não era necessário, imaginei que seria somente um ficante, ou algo do gênero.

Mas a minha avaliação não estava correta, e mudou logo que ela chegou até mim, me cumprimentou e disse:

- Oi, Fred, esse é Mike. - Apertei a mão do rapaz, nesse momento. - Meu namorado.
Naquele momento sentei e passei a pensar nos momentos em que quase beijei-a, sem saber que esse namorado existia. Após alguns segundos, voltei a agir como se nada tivesse acontecido, agir com se estivesse conversando com amigos. Não quero só a amizade dela. Respondia minha mente à minha tentativa de já começar a esquece-la.

Nunca me dou bem com o amor. Já em casa à noite, não conseguia dormir, pensando nela. Acho que passei no mínimo umas duas horas pensando nela, depois o cansaço me venceu. Já no dia seguinte, mais animado, tentando me confortar, passei a pensar nos lados bons de não se estar preso a um relacionamento sério. Não tem ninguém querendo saber o que você faz, a cada instante, refletia Fred, fora sua mãe. A cada prova de que era melhor não namorar, a outra metade de sua mente contra-atacava tentando provar que existem sim diversas coisas boas em namorar: você não encontra, de maneira alguma, sensação igual a de se sentar ao lado da pessoa amada, abraça-la, e simplesmente permanecer daquele modo, por segundos intermináveis... é algo mais forte que você, algo que vem de dentro de você. Como se seu coração possuísse um ímã e o da amada outro, com pólos contrários, fazendo com que exista uma atração incrível entre ambos. Como se fossem feitos um para o outro. Foi com esse argumento que a parte de meu cérebro favorável a estar solteiro, desistiu.

Quando cheguei na escola, já esperava vê-la no intervalo, tentei ao máximo lutar contra a vontade que crescia dentro de mim de ir lá e beijá-la. Essa vontade eu venci, mas acabei indo lá de qualquer maneira. Cumprimentei-a como se nada tivesse acontecido, mas ambos sabíamos que na verdade tinha.

Durante algumas semanas, decidi tentar ser somente amigo dela. E consegui, mas cada vez percebia que me aproximava mais dela, e não sei como, mas seus olhos diziam o contrário de suas atitudes. Suas atitudes mudaram comigo, às vezes ela se mostrava totalmente contra qualquer aproximação entre nós dois. Mas houve dias que era exatamente o contrário.

Com essa confusão de "sims e nãos", eu acabei ficando realmente muito confuso, já não sabia mais como agir em certos momentos perto dela: não sabia se deveria ser somente seu amigo, ou tentar ser mais que isso.

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O ano letivo acabou. Não a vejo mais todos os dias, mas falo com ela todos os dias. Não sei por que faço isso, às vezes digo a mim mesmo que o melhor seria simplesmente esquecê-la de vez, cortando todos os nossos contatos. Acho que seria mais fácil pra mim parar de deixar esse sentimento crescer, enquanto à tempo.

Mas já gosto dela de uma forma indescritível, não sei se tenho coragem suficiente para esquece-la de vez.

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Eu contei tudo a uma pessoa muito especial para mim, essa pessoa sempre me deu ótimos conselhos, mas desta vez ela me disse algo que seria impossível esquecer, mesmo que quisesse:

- Fred, você sabe que te considero muito, e por isso quero o melhor pra você, e se esse seu amiguinho aí dentro diz que você a quer, vá atrás dela! Caramba! Você já esta pensando em desistir, e nem chegou na metade da batalha. - Enquanto Rita falava, olhei em seus olhos, e vi um olhar sincero e alegre. - Faça o que for melhor pra você, mas esteja ciente que ela provavelmente escolhera seu atual namorado. Não estou querendo te deixar mais para baixo, mas se você nunca falar com ela, você nunca conseguirá esquecê-la.

Pensando bem, é o que eu devo fazer mesmo. - Muito obrigado, sabia que podia contar com você.

Naquele mesmo instante liguei pra ela e marquei um "passeio", alegando que precisávamos conversar. Quando cheguei lá, sentei numa mesa distante dos lugares mais cheios. Enquanto pensava no que dizer vi uma floricultura e me lembrei que uma vez ela tinha me dito que adorava rosas vermelhas. No mesmo instante me levantei correndo e comprei o melhor buquê de rosas vermelhas que consegui ver perto da entrada. Paguei, e quando estava prestes a sair da floricultura avistei ela, havia algo errado: ela estava chorando.

Ela me procurou, como não me viu, sentou-se o mais perto possível da janela do andar de alimentação do shopping. Ela ficou de costas para a floricultura, então não me viu se aproximando. Antes de cumprimentá-la, coloquei a sua frente o buquê. Consegui ver seu lindo sorrindo relutante nascendo e morrendo em uma fração de segundo. Tinha algo que havia a abalado muito.

- O que foi? - Pedi. - Tudo bem contigo?

Ela me olhou, secando suas lágrimas e disse:

- Obrigado. - Nesse momento sorriu, já se acalmando. - Rosas vermelhas. - Balbuciou antes de voltar a chorar. Depois, tentando se controlar disse:

- Fisicamente estou bem, mas acabei de me encontrar com meu namorado... - Eu não conseguia ver ela chorando, isso me deixava muito mal, e, não sei, talvez por instinto, só o que eu queria era vê-la sorrindo.

- Eu não sei o que aconteceu, Rafa, mas nenhum homem merece o choro de uma mulher. - Falei, triste com a situação, eu gosto dela, mas eu não podia simplesmente dizer:" Termina com ele, deixe de chorar por ele, deixa eu tentar te fazer feliz?", como eu iria fazer isso, sabendo que ela gosta dele. Se eu tivesse que vê-la sendo feliz com outro, eu veria, mas sendo feliz, não chorando por ele.

Ela me olhou, novamente, secou os últimos vestígios de lágrimas em seu rosto, buscou forças e sorriu. Forçou este sorriso, mas já era um avanço.

- Eu amo ele, mas não consigo mais. Sei o que tenho que fazer, mas não consigo.

A partir daí eu já não sabia mais o que dizer, sabia o que eu queria dizer, mas não podia. Fiz o máximo que pude para reconfortá-la e decidi não mencionar nada sobre o "nós" que eu gostaria que existisse. Levei-a para casa. E voltei caminhando pra minha, durante o percurso me pus a pensar. Sabia que tinha chances deles terminarem, mas também havia chances deles continuarem juntos. Por isso não me animei muito, reforcei o fato de que, eles ficando junto ou não, eu iria falar pra ela o que sentia. Isso estava decidido.

Cheguei em casa, tomei um bom banho. Li algumas páginas de meu livro favorito, e fui pra cama. No dia seguinte, não fui acordado por meu despertador, num primeiro momento jurei que era, mas depois notei que era uma chamada, e não um alarme. Tateei abaixo de meu travesseiro em busca de meu celular, quando o encontrei vi algo bastante estranho, era ela que estava me ligando, cinco para as seis da manhã.

- Alô. Tudo bem Rafa? - Logo notei algo diferente. No começo podia jurar que ela estava chorando, mas depois ela começou a rir.

- Fred, fiz o que tinha que fazer! - Ela hesitou, parecendo estar feliz, mas sem saber se tinha feito o certo.

- O que você fez ? Diga. - Fiquei, de um segundo a outro, ansioso.

- Não vou te contar pelo telefone. Liga seu computador e olha minhas atualizações no orkut. - Ela disse isso e desligou, sem me dar tempo para reação.

Fiz o que ela disse, normalmente meu computador demorava para inicializar, mas naquela manhã ele parecia estar sendo retardado, parecia ter vida própria, e estava querendo me deixar mais ansioso ainda. Depois de ter ligado, acessei meu orkut. Não sei porque, mas naquele momento achei que estava sonhando. Me levantei da cadeira, fui até a cozinha tomei um copo de água, fui até o banheiro, lavei meu rosto e voltei para a frente do computador, ainda sem acreditar no que via. Podia jurar, de pés juntos, que era um sonho.

Só o que dizia lá era que ela tinha atualizado seu status de relacionamento para solteira.

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