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terça-feira, 18 de maio de 2010

Verde, o fim e o início...

Um dia como outros: me alevantei; me vesti; me penteei; tomei café da manhã; escovei os dentes e saí para o trabalho. Meu serviço fica longe, é um longo percurso até lá. Todos os dias percorria quase dez quilômetros, a pé. Nunca reclamei, mas sempre batalhei para mudar essa situação: sempre sonhei em comprar uma moto.

Sempre me dediquei em meu serviço, queria chamar a atenção de meus chefes, uma promoção sempre é bem vinda. Trabalho em um torno CNC, comecei faz dois anos nessa firma, comecei como jardineiro e fui subindo. Meu patrão é um homem que interage com seus funcionários e percebe quem merece ou não subir na hierarquia da firma. De jardineiro passei para auxiliar de limpeza, e um dia, após muito limpar as máquinas da firma, um funcionário faltou, e ninguém mais sabia mexer no torno CNC - bom, meu patrão sabia, mas ele queria me testar -, então, sem outra opção, meu patrão me colocou à trabalhar no torno, ele se surpreendeu com a minha facilidade de aprender e com a minha agilidade com a tal máquina.


Nunca mais fui a pé, me comprei a tão sonhada moto. Minha mãe a odiava mesmo antes de eu à te-la. Eu sempre à tranquilizei, garanti à ela que, nunca, nada iria me acontecer. Eu realmente acreditei e sonhei com isso. Até aquela
manhã. Sempre percorria as mesmas estradas para chegar até a firma, elas sempre estiveram bem movimentadas, por isso sempre saí mas cedo, visando nunca me atrasar. Queria ser, e era, um trabalhador exemplar, e me orgulhava disso.

Eu sempre fui muito atento quanto à sinais de transito e pedestres. Tudo estava certo: o sinal verde indicava que eu podia seguir em frente. Eu me lembro de arrancar com a moto normalmente, nem muito rápido, nem muito devagar, e em seguida ouvi um barulho horrível, pareciam unhas arranhando o quadro negro. Mas na verdade eram pneus, pneus que tentavam desesperadamente parar, eles não queriam me acertar.

Foi inevitável, eu me lembro de sentir uma dor aguda na perna, quando o caminhão me acertou, e logo em seguida bati a cabeça contra a cabine, depois disso só me lembro de uma luz piscando com muita raiva, e um barulho ensurdecedor estourando meus tímpanos. Ainda me lembro, mesmo que muito pouco, de uma moça, acho que uma enfermeira gritar para aumentarem a voltagem. Choque, um choque muito doloroso, queria gritar, mas não saia nada da minha boca, parecia que todo o ar de meus pulmões haviam sido expelidos para fora e que eu não tivesse mais força para forçá-los para dentro. Tudo ficou escuro.

Eu tive sonhos lindos, nesses sonhos minha mãe falava comigo, quase chorando, e minha namorada também. Eu cheguei a achar que eram reais. Agora sei que eram na verdade pequenas lembranças do que acontecia ao meu redor enquanto eu ficava naquela cama branca e mórbida de hospital.

Minha mãe disse que eu passei três dias dormindo, mas pareceram mais, muito mais, pareceram uma vida inteira. Doeu muito para abrir os olhos, mas foi a melhor sensação de todas, você se sente como se estivesse nascendo de novo, depois de ter duas paradas respiratórias por culpa do acidente, uma perna, uma braço e duas costelas quebradas, com certeza você sente como se fosse um novo você ali, naquela cama de hospital.

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