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quinta-feira, 27 de maio de 2010

O cabelo cor-de-fogo

"Se eu pudesse eu largava tudo por ela... Mas não posso, e como fica a minha bolsa? Estudei por tanto tempo visando consegui-la e agora não posso deixá-la de lado. Mas ela é tão linda, como vou conseguir ficar longe daqueles seus lindos fios longos e ruivos? E daquela boca macia e carnuda? Foram quase dez meses para conquistá-la, eu duvido que em cinquenta anos você encontre uma mulher como ela." Isso não saía de minha cabeça, no dia. Eu não conseguia decidir se entrava ou não naquele avião. Olhei para trás, antes de entregar a passagem para a atendente, e à vi la: aqueles cabelos lindos voavam pelos ares enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas à me ver partir.

Aqueles quinze segundos passaram em câmera lenta: eu via seu aceno lento e pesaroso, suas lágrimas me atacavam como enormes facas. Sempre me dediquei a não fazê-la chorar, e agora lá estava ela, chorando por minha causa. Nesse momento um sentimento de culpa misturado com um amor extremamente ardente e insaciável me invadiu por dentro. Eu não sabia o que fazer.


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Tudo entre "nós" começou quando a chegada de uma aluna nova fora anunciada pela minha professora de português. Fernanda, esse era o nome dela... a nova aluna, a garota que fez meu coração pular. Olhei para aquele seu lindo rosto e me perdi em pensamentos. Senti a maciez de seus cabelos lisos cor-de-fogo em meus dedos; senti a delicadeza de seus lábios nos meus; senti seu calor, com seu corpo bem junto ao meu.

Ela se sentou bem na minha frente, quase que eu passei a acreditar em destino. Todos os dias olhava para seus cabelos logo ali, a poucos centímetros de minha classe, e sentia uma vontade imensa de tocá-los. Ela era ( e é ) o tipo de garota que lhe dá um sorriso verdadeiro todos os dias, aquele sorriso que lhe deixa bobo. Sempre, todos os dias, antes de se sentar ela olhava para mim sorrindo e dizia:
- Bom dia, Felipe! Eu ainda não sei como, mas todas as manhãs que eu ia para escola meio pra baixo só de ver seu sorriso eu já me alegrava.

Eu fui me aproximando dela, ela pareceu perceber, mas não mudou sua atitude diante de mim, e também não demonstrou nenhum interesse. Isso me afligia, sem nem um sinal de sua parte, eu não sabia quando era a hora certa de abordá-la. Sim, eu nunca fui do tipo "garanhão", não nasci com vocação para flertar. Mas isso não quer dizer que nunca fiquei com uma mulher, claro que já, e não foi na balada, chegando nelas com aquelas cantadas de garoto-sem-cultura. Eu a conquistava sem saber, eu só era eu mesmo, isso funcionava de vez em quando...

Mas a Nanda era diferente do restante das garotas da turma, parecia que tudo o que me bastava era tê-la. E eu queria, muito. E já sabia que mais cedo ou mais tarde teria que falar com ela sobre isso, eu que queria ela, não sabia se ela se interessava por mim, mas não queria correr o risco de "outro alguém" aparecer e levá-la, junto com todas as minhas esperanças.


Quase dez meses se passaram, e o fim do ano letivo estava chegando, mas houve um dia em que eu acordei sabendo que aquele seria o dia, me olhei no espelho e pensei: "É hoje". E realmente foi. Eu realmente não esperava aquela reação. Foi uma manhã normal, até o recreio. Pouco antes do sinal do recreio, cutuquei-a, carinhosamente, e disse-lhe que queria conversar. Saímos juntos para o pátio. Já no pátio a convenci a sentar-se comigo em um canto, antes de dizer sobre o que se tratava. Sentados, seus joelhos tocaram os meus e eu estremeci, já estava bastante nervoso.

- Você já deve imaginar o por que de eu ter lhe chamado aqui, certo? Quebrei o silêncio, respirando fundo e cautelosamente. Ela me olhou nos olhos, senti aquele seus lindos olhos verdes penetrarem em meus pensamentos, e disse:
- É, imagino, mas me fala o que te fez me chamar até aqui?

Fiquei vermelho, respirei, olhei nos olhos dela e falei:
- Eu... - Fui me aproximando, e percebi que ela não se afastou, minha mente gritou: " Isso é um bom sinal." - Eu.. gosto muito de você... ! A beijei. Sim!. Finalmente a beijei. Foi a melhor coisa que já fiz na vida. Foi uma sensação inexplicável! Tudo pareceu se movimentar lentamente, fui sentindo o calor de seus lábio grossos e macios, enquanto eles se enroscavam com os meus.

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Foi me lembrando disse tudo que eu baseei a resposta para a minha questão: Ficar ou não ficar? Perder a bolsa ou não perder?

Rasguei-as. Rasguei as passagens, joguei-as no lixo e corri, corri o máximo que pude, dei a volta no saguão e vi ela: a garota ruiva dos olhos verdes que nunca mais farei chorar. Larguei minhas malas no chão, abracei-a e a beijei.

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Ficamos juntos, juntos e felizes. A minha bolsa não mudou o meu futuro, eu batalhei para pagar uma faculdade aqui na minha cidade, só para poder ficar com ela.

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